22.4.07

ALTA TENSÃO

F.C.Porto e Benfica proporcionaram ao país um encontro de grande emotividade, com lances de grande qualidade, e incerteza até ao fim.
O resultado de 1-1 já se está a tornar uma rotina nos jogos entre os dois clubes, pois foi a quarta vez esta temporada que tal aconteceu, em outros tantos jogos. Desta vez, havia que resolver a contenda, e o F.C.Porto levou a melhor no desempate por grandes penalidades.
O Benfica foi infeliz, pois terá sido, no conjunto dos 60 minutos de jogo, a equipa que mais perto esteve da vitória. Há alguns anos que não me recordo de ver um Benfica tão forte e personalizado no Pavilhão de Fânzeres, onde o ambiente é, para si, tão infernal e intimidatório – a propósito, não se compreende o parco contingente policial que normalmente segura este pavilhão nos jogos com o Benfica, quando na Luz acontece justamente o contrário.
A equipa de Franklim Pais sente claramente a falta do melhor Pedro Gil, que esta época ainda não chegou a aparecer. Sem a velocidade e potência do internacional espanhol, o F.C.Porto perde bastante agressividade ofensiva, acabando por cair nalguma falta de imaginação para tornear defesas sólidas como a do Benfica – já na Liga dos Campeões se tinha verificado algo semelhante.
O Benfica apareceu muito bem, extremamente tranquilo, com Tó Silva em excelente plano – só lhe falou marcar aquele golo que tudo decidiria... – e uma boa rotatividade assegurada pelas entradas de Barreiros, Pedro Afonso e sobretudo Carlitos, que acabaria por marcar o golo encarnado e converter também o seu penálti no desempate.
Quando os dragões inauguraram o marcador era o Benfica que tinha claramente o sinal mais do jogo. Curiosamente, foi num dos melhores momentos dos portistas que o Benfica acabaria por restabelecer a igualdade já na segunda parte.
Os instantes finais, e todo o prolongamento, foram de grande emoção e alto nível hoquistico. Ao contrário do que seria de esperar, as equipas não se remeteram à defesa e procuraram resolver o jogo. Não houve mais golos, mas oportunidades não escassearam para ambos os lados.
Pensou-se que a ausência de Edo Bosch podia ser determinante no desempate por grandes penalidades. Contudo, o facto de a moeda ao ar ter permitido aos portistas levarem a decisão quase para o baixo dos Super Dragões, conjuntamente com a perseguição que os árbitros fizeram a Carlos Silva, desconcentrando-o claramente, acabaram por ser situações de maior peso no desfecho final, com Reinaldo Ventura e Filipe Santos a converterem duas stickadas, contra apenas uma de Carlitos.
A exibição benfiquista faz acreditar que nada esteja perdido, mas numa prova deste género é importantíssimo começar a vencer. E o Benfica há muito que não estava tão perto disso em Fânzeres, acabando por “morrer na praia” o que deixará eventualmente algumas marcas na equipa sob o ponto de vista anímico. Veremos como reage na quarta-feira, onde tem oportunidade de fazer voltar tudo à estaca zero.Nota final para os comentários de Vítor Bruno, ex jogador portista, que quanto a mim são um lamentável exemplo de parcialidade. Será talvez o caso mais flagrante da televisão portuguesa, em todas as modalidades, de alguém que não sabe mesmo despir a camisola, e como tal não se compreende como possa continuar a colaborar com as transmissões. Ter sido um grande jogador – e foi-o – não me parece ser motivo suficiente para comentar os jogos como se de um mero observador se tratasse.

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