28.1.07

ÓQUEI DE LUXO !

O Óquei de Barcelos deu um significativo passo rumo ao apuramento para a final four da Liga dos Campeões ao bater o Prato em Itália por 1-5. A equipa barcelense tem agora pela frente um decisivo jogo em casa frente ao Vic, no qual deverá ficar decidida a qualificação tendo em conta que Barcelona já está praticamente apurado e Prato, com esta derrota caseira, fica fora das contas.
Também em Itália o F.C.Porto arrancou um precioso empate (3-3) frente aos campeões do mundo do Bassano, colocando-se em excelente posição para conseguir a passagem. Réus e Bassano deverão disputar a outra vaga.

26.1.07

GOSTAR DE HÓQUEI (10) - Negros Anos 1982-1989

Recordei aqui há dias a final da Taça das Taças de 1983 entre Benfica e Porto que os nortenhos venceram depois de um jogo dramático no velhinho Pavilhão da Luz.
Esse jogo representou de algum modo o fim de um ciclo no Benfica, que permitiu em cinco anos a conquista de um tri-campeonato, de três Taças de Portugal, e a presença em três finais europeias. Na época seguinte o Benfica, após voltar a repetir a presença na final da Taça das Taças (desta vez frente ao Réus) faria um pronunciado desinvestimento na sua equipa e iniciaria assim uma travessia de deserto que iria durar até à década de noventa, na qual voltariam as glórias.
De facto em 1984 saíram do clube de uma assentada Fernando Pereira, José Carlos, Picas e Piruças, todos para o Dramático de Cascais, que pela mão de um abastado empresário (não me recordo se Jorge Figueiredo) tencionava construir uma grande equipa, o que, mau grado as sonantes aquisições, não lhe viria a valer nenhum título. Além destes também Cristiano e Leste haviam saído para Itália, e a grande equipa da passagem da década ficava assim totalmente desmantelada.
Para os anos seguintes, enquanto o F.C.Porto tomava a hegemonia do hóquei nacional - com Vítor Hugo, Vítor Bruno, Alves, Domingos , Vale e mais tarde Realista, Franquelim, Diego Allende e Tó Neves – o clube da Águia afastava-se para bem longe da discussão dos principais títulos com uma equipa muito jovem e sem grandes ambições. Paulo Baptista, Garção, Campão, Garrido, Fernandes entre outros eram os elementos que faziam a guarda de honra aos veteranos Fana e Vítor Rosado – mais tarde Leste também regressaria – neste período de autênticas vacas magras para os lados da Luz.
Anos mais tarde, jogadores como Carlos Silva, Luís Nunes, Trindade, Rocha, Luís Ferreira, Rui Lopes, Paulo Almeida, Vítor Fortunato ou até Tó Neves coloririam os anos de 1992 a 1996 com inúmeras conquistas, ficando todavia uma vez mais à porta da consagração internacional.
Em 1986-87 terá acontecido o resultado mais humilhante da história do hóquei benfiquista dos últimos trinta anos. Deslocando-se às Antas em jogo da 1ª eliminatória da Taça dos Campeões (não por ter sido campeão mas por ter beneficiado do título europeu portista), o Benfica foi copiosamente derrotado por 13-1 (!!!).Foram anos em que naturalmente acompanhei com menos entusiasmo os jogos do Benfica, e como tal não me recordo de muitos pormenores dessa partida, que foi um autêntico bater no fundo.
Ao longo desses anos o Benfica foi coleccionando lugares medianos no campeonato nacional – recordo-me de ficar em sexto, em quarto – enquanto Porto, mas também Sporting, com uma jovem e renascida equipa e Sanjoanense faziam figura.
Terão sido também esses os anos em que o hóquei foi ficando afastado da rádio e a pouco e pouco perdendo o seu estatuto de claro número dois do panorama desportivo português, fruto também da competição movida pelo Basquetebol, no qual o Benfica aliás estava por essa altura a construir uma equipa que faria furor até na Europa (na qual se incluíam José Carlos Guimarães, Carlos Lisboa, Mike Plowden, Jean Jacques, Steve Rocha e Henrique Vieira).
Também a nível de selecções a década de oitenta – entendida no pós Mundial de Barcelos – não foi muito proveitosa, pois só em 1989 a equipa nacional conquistou um título europeu – vindo apenas a recuperar a ceptro mundial no Porto em 1991, num torneio atípico em que não teve de defrontar nem Espanha, nem Argentina nem Itália, acabando por vencer a Holanda na final por 7-1.
Em 1985 Barcelos voltou a assistir a um torneio internacional, desta vez um Europeu, que todavia não foi vencido por Portugal. A cidade minhota era por esta altura uma verdadeira talismã para os seleccionados lusos, pois foram lá disputados e ganhos o Europeu de Juniores de 1980 (que representou o despontar de Vítor Hugo, numa equipa da qual faziam também parte Serra, João Rodrigues e Domingos Carvalho) e sobretudo o Mundial de Seniores em 1982, que já tive oportunidade de recordar neste espaço.
Esse Europeu foi uma enorme decepção, e a final resultou num espectáculo deprimente, com o público a arremessar objectos para cima dos vencedores jogadores espanhóis – recordo a grotesca imagem de Vila Puig todo encolhido dentro da baliza para se proteger -, mas a ele conto voltar num próxima edição desta rubrica de recordações, eventualmente com uma fotografia da equipa portuguesa que irei tentar encontrar numa publicação que permanece perdida algures na minha casa.

25.1.07

OBVIAMENTE, DEMITAM-SE !

O que se passou em Oliveira de Azeméis envergonha a modalidade e envergonha o país.
O Portosantense, com vários jogadores suspensos pela federação, decidiu protestar, provavelmente com alguma razão, apresentando uma equipa com apenas 3 jogadores de campo, juniores e juvenis. Perdeu 63-0 (!!!!), resultado record no campeonato nacional.
Quando digo desconfiar que o conjunto madeirense talvez tenha tido razão, faço-o menos por conhecer o caso concreto, mas mais por conhecer a federação que temos, e por analogia com outros casos que ocorreram no passado recente. Esta federação está de facto a matar o Hóquei português, parecendo apenas empenhada em garantir títulos para o clube que (cada vez menos)encapotadamente protege.
Para quem gosta de hóquei, é triste constatar mais uma vez para onde estes senhores o têm levado, e de onde o vai ser difícil tirar: da lama !
Entretanto em Fânzeres, sem qualquer transmissão televisiva ou radiofónica - como a federação parece gostar que aconteça, quem sabe para ocultar do grande público aquilo que por vezes se passa nos pavilhões, não seja o caso de alguém atirar um petardo para dentro do ringue – o Benfica arrancou uma igualdade a um golo. Reinaldo Ventura abriu o activo ainda na primeira parte, enquanto Tó Silva restabeleceu a igualdade a dois minutos do fim, num golpe de felicidade que segundo rezam as crónicas castigou a atitude demasiado prudente do F.C.Porto.
Com o novo modelo competitivo, e dada a classificação actual, qualquer que fosse o resultado pouco acrescentaria às hipóteses de cada um dos emblemas. Ainda assim clássico é clássico, e nessa perspectiva Carlos Dantas terá mais motivos para se sentir feliz. Esta temporada em três embates entre Dragões e Águias, três empates a um golo. Como será no playoff ?
Destaque por fim para a vitória do O.Barcelos nos Açores perante o difícil Candelária. A equipa minhota cimenta assim o seu terceiro lugar, na luta com a Oliveirense pela única posição que permanece em aberto entre os seis primeiros.
No próximo fim-de-semana mais uma jornada. O Hóquei vai ...sobrevivendo.

18.1.07

GOSTAR DE HÓQUEI (9) - António Livramento

O "Mago" António Livramento, aqui em acção frente ao Oeiras já com a camisola do Sporting. Lamentavelmente não me recordo dele no meu Benfica, mas nem por isso deixei de o admirar, como o melhor hoquista que alguma vez vi jogar.
Sporting-Oeiras era um clássico dos anos 70. Recordo que por exemplo em 1977, o Sporting venceu a Taça dos Campeões e o Oeiras (com Saraiva, Vítor Rosado, José Rosado, Carvalho e Salema) conquistou a Taça das Taças, feito que aliás repetiria nos dois anos seguintes.

MISTER

Veja aqui as respostas de Carlos Dantas a perguntas dos leitores do Sportugal.

15.1.07

A JORNADA EUROPEIA

Com uma agradável exibição, mesmo depois de se ter visto em desvantagem, o penta-campeão nacional F.C.Porto venceu o Réus por 4-1 na 3ª jornada da Liga Europeia, posicionando-se no topo da classificação do seu grupo.
Depois de uma primeira parte dividida, os dragões arrancaram para um segundo tempo muito bem conseguido, arrasando por completo a experiente equipa catalã. Destaque para o jovem argentino Emanuel Garcia, autor de dois grandes golos e de uma exibição muito conseguida.
Na próxima ronda o F.C.Porto desloca-se a Itália para defrontar o Bassano, e em caso de vitória fica a um pequeno passo do apuramento.
O Óquei de Barcelos por seu turno viajou até Barcelona, perdendo no Palau Blau Grana por 6-2, mas mantendo de pé todas as suas hipóteses de qualificação para a Final Four da prova. Os minhotos, viram-se privados de alguns jogadores influentes (sobretudo o jovem internacional Tiago Rafael), pelo que a derrota se afigura como perfeitamente natural.
O Óquei irá também a Itália no próximo dia 27 para defrontar o Prato, numa jornada que poderá definir algumas coisas no tocante a classificação deste grupo (o Vic recebe o Barcelona no outro jogo).

Entretanto, no campeonato português o Benfica venceu em Sintra por 0-2 com mais dois golos de Tó Silva, e cimentou ainda mais a sua segunda posição na tabela. Os play-offs vão seguramente trazer emoções fortes lá para Maio ou Junho, mas é um modelo competitivo que torna a maior parte da temporada muito pouco apelativa. Nada parece poder acontecer que altere muito a classificação dos primeiros, e sem televisão o campeonato torna-se triste.

13.1.07

O REGRESSO DA EUROPA

No dia em que F.C.Porto e Óquei de Barcelos têm importantes compromissos europeus respectivamente perante Réus (em casa) e Barcelona (fora), importa relembrar o brilhante palmarés que estes dois emblemas têm na competição máxima de clubes do hóquei patinado europeu.
Os Dragões já foram 2 vezes campeões europeus (1986 e 1990), marcando presença em 9 finais da prova (perdendo 7 portanto). Disputaram 135 jogos e venceram 88, empatando 16 e perdendo 38. Marcaram na Taça/Liga dos Campeões 727 golos e sofreram 403.
A equipa minhota por seu turno foi campeã europeia em 1991, disputando mais 2 finais. Realizou ao todo 79 jogos vencendo 45, empatando 9 e perdendo 25. O Óquei marcou na prova 437 golos e sofreu 258.
Recorde-se que o Sporting também foi campeão europeu (em 1976), e o Benfica foi a 5 finais, perdendo-as todas. O Desportivo de Lourenço Marques disputou a final de 1974.
Valongo, Oliveirense, Paço de Arcos e Juventude de Viana foram as outras equipas lusas que marcaram presença nesta competição desde que ela foi criada em 1966.
O Benfica conseguiu a maior goleada das equipas portuguesas nesta prova, batendo por 36-1 a modesta equipa do VRC em 2002.

Já agora lembra-se também que perante os adversários de hoje o palmarés é o seguinte: O Óquei de Barcelos jogou com o Barcelona 6 vezes e apenas alcançou uma vitória (em 2002). O F.C.Porto por sua vez enfrentou o Réus em 7 ocasiões vencendo 4, empatando 1 e perdendo em 2 .
Resta então desejar boa sorte às equipas do nosso país.

12.1.07

GOSTAR DE HÓQUEI (8) - Taça das Taças de 1983

À medida que o campeonato nacional vai prosseguindo sem novidades de maior (aguardemos pelo play-off para viver as grandes emoções), aproveito para partilhar mais algumas recordações com os leitores. Desta vez viajemos no tempo até há 24 anos atrás.
Uma das derrotas mais amargas de que tenho memória enquanto adepto de hóquei em patins foi a da final da Taça dos Vencedores das Taças de 1983, quando o Benfica perdeu em pleno pavilhão da Luz a possibilidade de conquistar o seu primeiro troféu europeu da modalidade – apenas alguns anos mais tarde venceria a Taça CERS -, e logo frente ao F.C.Porto, detentor do troféu e que participava nessa ocasião justamente na segunda final internacional da sua história em todas as modalidades – só mais tarde viria a ser campeão europeu de futebol e hóquei.
O Benfica perdera o título nacional da época anterior (81-82) para o Sporting, terminando com os mesmos pontos do rival, após ter sido tri-campeão entre 78 e 81. A equipa sentira a saída do guarda-redes e capitão António Ramalhete para os leões (foi substituído por António Fernandes que nunca o fez esquecer), e a performance da estrela Cristiano Pereira, chegado do F.C.Porto em 1981, estava longe de corresponder às expectativas. Ainda não se sabia mas tratava-se do fim de um ciclo…e do início de um outro, portista, de grandes e múltiplas vitórias.
Na temporada de 1982-83 o Benfica contava com os seguintes jogadores: António Fernandes, Chambel, José Carlos, Fernando Pereira, Cristiano, Leste, Picas e Piruças. Na temporada seguinte dar-se-ia uma razia, com a saída de quase todos eles, quatro dos quais para o Dramático de Cascais que contava com dinheiro de um empresário de sucesso para a construção de uma equipa campeã – nunca o viria a ser.
O F.C.Porto, que nessa temporada conquistaria também o seu primeiro título nacional na modalidade, tinha uma equipa muito jovem e valiosa que iria dominar o hóquei nacional na década seguinte. Domingos, Alves, Fanã, Vítor Hugo e Vítor Bruno constituíam o cinco base, que foi depois reforçado com Franquelim e Realista.
Na Taça das Taças desse ano o Benfica desembaraçou-se facilmente do Fontenay (15-4 e 9-3) e do Den Haag (9-2 e 3-2) que havia eliminado o Follónica. Os dragões por seu turno venceram o Vevey (9-3 e 5-1) e o difícil Liceo da Corunha nas meias finais (6-2 e 4-5). Encontravam-se assim na final, o F.C.Porto pelo segundo ano consecutivo depois de ter conquistado o seu primeiro troféu no ano anterior, e o Benfica, finalista da Taça dos Campeões de 1973 e 1980, mas sem grande historial na Taça das Taças, que Oeiras por três vezes (nas três primeiras edições) e Sporting também já haviam conquistado. Depois do 2-2 no pavilhão das Antas na primeira mão, os encarnados tinham tudo para conquistar o troféu.
Num sábado à noite, com o antigo pavilhão da Luz a rebentar pelas costuras, e com transmissão televisiva pelo canal 2 da RTP (julgo ter sido o primeiro jogo do Benfica que vi na televisão), o Benfica entrou de rompante, e já na segunda parte chegou a 4-1, parecendo ter ao triunfo na mão. O ambiente era de festa total, mas a verdade é que o F.C.Porto de forma fria e cruel foi reduzindo distâncias, acabando por empatar a quatro golos já nos últimos segundos do tempo regulamentar. Seguiu-se o prolongamento, com o Benfica incessantemente à procura do golo mas sem ser feliz, e o F.C.Porto a procurar surpreender em contra-ataque. Não houve mais golos e tudo se decidiria no desempate por grandes penalidades.
Mais uma vez o Benfica esteve em vantagem, concretizando uma das primeiras penalidades. Mas o dia era do F.C.Porto, que marcando por duas vezes, suponho que ambas pelo especialista Fana, arrecadou a Taça perante o silêncio sepulcral (e certamente algumas lágrimas) de todo o pavilhão e de toda a nação benfiquista.
Foi com grande dor que tive de aceitar esta dramática derrota, num dos mais intensos momentos de hóquei que vivi desde sempre.